ecoparque itaipu

FOZ DO IGUAÇU - PR | 2023

O Concurso Nacional de Projeto, organizado pelo Instituto Brasileiro de Arquitetos do Paraná (IAB/PR) e a Itaipu Binacional, solicitou a elaboração criativa e técnica para o Ecoparque Itaipu, na cidade de Foz do Iguaçu, PR. Esta missão contou com um escopo complexo que envolveu soluções programáticas para cinco áreas diferentes e soluções arquitetônicas, paisagísticas, de trilhas, trajetos com pontos de estar para lazer e parada de descanso nos seus 1.175.000 de metros quadrados no vasto terreno preservado pela Itaipu, com a aplicação tecnológica e sustentável de um Ecoparque 5.0. Este desafio nos levou a pensar muito sobre a atuação de profissionais paisagistas e sua responsabilidade sobre como o usuário final recebe, interage e entende a grande biodiversidade existente no Brasil, principalmente, da região paranaense com poucos remanescentes de mata nativa.

O conceito e partido do projeto de paisagismo partiu da pergunta: como tornar as áreas verdes das cidades mais sustentáveis utilizando os recursos e mecanismos inteligentes existente na natureza, principalmente no contexto nacional com alta diversidade. No entanto, o primeiro desafio se deu ao perceber que se aplica muito pouco de da vegetação nativa, sendo a maioria das espécies utilizadas de origem estrangeira. Observando este panorama, visualizamos uma oportunidade de trazer para além de inovações tecnológicas, possibilidades de aprofundar o conhecimento e construir bagagem para um novo caminho de paisagismo regenerativo. Nos debruçar em pesquisas e incluir espécies nativas-regionais foi a aposta deste projeto para ajudar a vencer os desafios que se projetam para o futuro da existência humano com a inércia de transformação. Desta forma, os resultados esperados para este projeto foram jardins mais inteligentes com maior adaptabilidade, crescimento, mais atrativos para a fauna local, esteticamente mais aproximado das paisagens pré-existentes e soluções baseadas na natureza (SbN) de menor impacto.

O projeto de paisagismo para toda a área se responsabilizou e alinhou com proposições tecnológicas, sustentáveis e, principalmente, baseadas na natureza. Desta forma, um dos resultados mais surpreendentes e sensíveis foram os jardins de polinizadores. Este tipo de jardim foi projetado para ser um mecanismo de garantia de vida a longo prazo, a partir da mimese do processo de polinização realizado na natureza. O espaço atrai parte da fauna responsável pela polinização e garante dar destaque para este acontecimento tão recorrente, mas fundamental para sua sobrevida. Também fizeram parte deste experimento propostas de wetlands biofiltrantes para restauração e recuperação dos leitos do rio Jupira em pontos estratégicos, que enriquecesse a função, a estética e o caráter educativo nas trilhas ambientais; tanques de evapotranspiração baseado nos conhecimentos de permacultura para garantir autossuficiência das estruturas sanitárias em meio a mata; espaços de parada para descanso, lazer e estudos ao longos das trilhas que percorrem todo o parque e se preocupa com a função biofílica do paisagismo; jardins sensoriais, protetivos e hortas aguçadoras de sentido para áreas de recepção do público infantil e portadores do Transtorno do Espectro Altista (TEA). Enfim, a experiência exigiu abrir os caminhos do paisagismo para considerar soluções e conhecimentos que perpassam diversas áreas do conhecimento como a agrofloresta, permacultura, psicologia, engenharia ambiental, sociologia e conhecimentos ancestrais, afim de sempre enriquecer a experiência a partir da diversidade e pré-existência.

Concursos de projeto no Brasil nos dá uma sensação de oportunidade mais democráticas nos acessos de pequenos grupos de profissionais aos holofotes nacionais. Receber o prêmio de Menção Honrosa em nossa primeira participação nesta modalidade foi fantástico! Reavivou nossos sonhos mais íntimos em atuar nos espaços a partir de um paisagismo regenerativo, responsável e consciente, em colaboração com a arquitetura. A missão conjunta com a UABI nos tirou da rotina e levou para um contexto um tanto quanto diferente do escopo diário de projeto que trabalhamos. Abriu caminhos que até hoje vem gerando bons frutos e renovação de vida. Acredito que esse potencial transformador dos projetos, a partir desta experiência, renovou em mim um olhar mais apaixonado ainda pelo que venho fazendo até hoje que é acreditar na natureza para recuperar este planeta. – Raul Marques

Colaboradores: Vanessa Lacerda – designer | Fatima Savignon – arquiteta e urbanista sênior

Consultores: Clóvis Brighenti – professor (UNILA) e historiador Jorge Daniel de Melo – professor (UEL) e arquiteto Jasmine Reigota – psicóloga e especialista em neuropsicologia aplicada ao espectro autista (CBI Miami) Edson Amaurilio – ava tupã mirim do povo guarani ñandeva; professor e mestre em línguas indígena (UFRJ)

Responsável técnico: Louisa Savignon – arquiteta sênior

Paisagista Responsável: Raul Marques – paisagista sênior

Coautores: Alana Minakawa – arquiteta e paisagista júnior | Matheus Araújo – arquiteto e paisagista júnior | Pauline Seifert – arquiteta e paisagista júnior | Ricardo Heim Lonien – arquiteto e paisagista júnior | Larissa Agnelo – estagiária

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